Contrariando a concorrência, Petrobras coloca à venda restante da BR Distribuidora

Contrariando a concorrência, Petrobras coloca à venda restante da BR Distribuidora

Especialistas alertam que a jogada da estatal pode trazer grandes riscos para a empresa a longo prazo

Foto: Reprodução


Buscando focar seus negócios apenas em exploração e produção de petróleo, a Petrobras anunciou no final de agosto que colocará à venda os 37,5% restantes da BR Distribuidora que ainda fazem parte da companhia. Datas e valores ainda não foram definidos. 

Logo após o anúncio, as ações da subsidiária, que está em processo de privatização desde 2019, caíram mais de 3%. Por se tratar do sétimo maior mercado consumidor de combustíveis do mundo, especialistas e mercado reagiram mal à notícia e afirmam que, ao se desfazer totalmente da BR Distribuidora, a estatal está indo na contramão da concorrência internacional, que vem, inclusive, comprando redes de postos brasileiras. 

De acordo com documento enviado a bolsas estrangeiras, a BR Distribuidora corresponde a cerca de 10% das vendas totais da estatal. 

Para o coordenador técnico do Instituto Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão, isso acontece porque o consumo dos derivados de petróleo no Brasil é atrativo. “Com a abertura do mercado de abastecimento, as majors estão atentas à distribuição brasileira, que exige investimentos menores do que no refino”, afirmou o pesquisador que acredita no potencial de crescimento da área no país. 

Processo contínuo de privatização

Além da BR Distribuidora, a Petrobras colocou à venda oito de suas refinarias, concentrando o processo de produção e exploração na região Sudeste do Brasil. Em artigo, o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Felipe Coutinho, explica porque as privatizações e desintegrações trarão graves prejuízos à estatal.  

“As privatizações e a consequente desintegração da Petrobras estão na contramão da tendência da indústria internacional e da crescente relevância das companhias petrolíferas estatais. As estatais já são 19 entre as 25 maiores empresas de petróleo e gás natural, controlando 90% das reservas e 75% das produções mundiais”, explicou em um dos trechos.

Para ele, as refinarias da Petrobras já são autossuficientes, tanto na produção quanto na capacidade de refino e abastecimento do mercado brasileiro, por processaram 91% de todo o petróleo produzido em território nacional. Contudo, a política de preços adotada torna ociosa a produção. 

 

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