Para pesquisador, aumento da importação de gás natural está relacionado com processo de privatização da Petrobras

Para pesquisador, aumento da importação de gás natural está relacionado com processo de privatização da Petrobras

Coordenador do Ineep, William Nozak explica que a estratégia adotada pela empresa pode comprometer o acesso da população brasileira ao GLP, conhecido como gás de cozinha

Foto: Reprodução

Com o intuito de aumentar a taxa de importação de gás natural (GN), no fim de setembro a Petrobras anunciou que ampliará a capacidade operacional do terminal de regaseificação de GN liquefeito na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, de 20 milhões para 30 milhões de m3 por dia.

Segundo a direção da empresa, tal mudança acontece para adaptar a Petrobras a um ambiente de negócios mais competitivo e com exigências ambientais mais restritivas. A estatal também apresentou a seus trabalhadores um plano de adaptação das suas unidades produtivas de refino e gás natural para a transição energética até 2030.

Além da redução na produção de gás natural, por conta da pandemia de covid-19 a Petrobras passou também a diminuir o refino do GN, que tem como um de seus principais produtos finais o gás liquefeito de petróleo (GLP), ou gás de cozinha. 

Na visão de William Nozaki, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), a Petrobras está aplicando essas novas estratégias de aumento da importação de gás como manobra e incentivo aos desinvestimentos propostos pela atual gestão. 

Essa medida de aumentar a importação dos gases está relacionada com o processo de privatização pelo qual a empresa vem passando, mais especificamente com a venda das oito refinarias, pois, para que a venda do parque de refino torne-se viável, é necessário que estes trabalhem com uma redução da capacidade total

WILLIAM NOZAKI, DIRETOR TÉCNICO DO INEEP

De acordo com o pesquisador, a venda das oito refinarias correspondem a 38% da produção nacional de gás de cozinha. Somente na pandemia, com mais gente ficando em casa por conta das medidas de isolamento, a demanda por esse bem aumentou cerca de 23%. “A oferta diminuiu e a demanda aumentou com a decisão problemática que a Petrobras teve em reduzir a utilização do refino, o que colocou em cena a necessidade de importação para suprir as necessidades do mercado interno”, explicou. 

Por representar quase 40% da produção de gás de cozinha que é consumido no Brasil, a privatização do parque de refino preocupa Nozaki, pois não é possível saber se as possíveis compradoras das refinarias garantirão a distribuição desse produto à população brasileira. “Quando novas empresas comprarem essas refinarias, não existirá nenhuma garantia de que a produção de GLP seja priorizada, tornando assim o Brasil refém das estratégias dessas companhias privadas”.

 

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