PBio: Mais uma subsidiária da Petrobras na mira da privatização

PBio: Mais uma subsidiária da Petrobras na mira da privatização

Fundada para fortalecer o processo de produção de energia limpa e auxiliar no fomento à agricultura familiar, Petrobras Biocombustíveis (PBio) também enfrenta sucateamento

Mesmo apresentando expectativas de crescimento e lucro nos últimos anos, PBio não foi poupada do pacote privatista (Foto: Stéferson Faria/Agência Petrobras)

Por Andreza de Oliveira

Na manhã desta quinta-feira (20), com o anúncio de greve por tempo indeterminado e adesão por parte de 90% dos trabalhadores, o nome da Petrobras Biocombustíveis (PBio), subsidiária da petrolífera estatal brasileira, reacendeu o debate sobre a privatização de empresas públicas.

Fundada em 2008 como parte do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) – que buscava garantir investimentos em pesquisas, geração de emprego, inclusão social e distribuição de renda entre agricultores familiares -, a Petrobras Biocombustíveis foi colocada na mira da privatização ainda em 2020.

Com o escritório sede situado no Rio de Janeiro, a PBio possui três usinas de biocombustíveis, localizadas nas cidades de Montes Claros, em Minas Gerais; Candeias, na Bahia; e em Quixadá, no Ceará, que juntas têm capacidade para produzir, anualmente, 580 mil metros cúbicos de produtos como biodiesel, glicerina e ácido graxo, sendo uma das maiores produtoras de biodiesel do Brasil, com 5,5% de participação no mercado no ano de 2019.

Em informe de rendimentos divulgados no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, dados que estão disponibilizados no site da Petrobras, entre os anos de 2019 e 2020 a PBio obteve lucros de, respectivamente, R$ 243,5 milhões e R$ 154,54 milhões, mesmo em meio a pandemia de covid-19.

Ao mercado, a Petrobras divulgou ainda que a subsidiária é a 3ª maior empresa de biodiesel em escala mundial, tendendo a ter um crescimento de cerca de 25% nos próximos três anos.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), buscando ampliar as projeções do mercado da maior estatal brasileira, a Petrobras Biocombustíveis chegou a ter participação em dez usinas de processamento de etanol.

Agrônoma e trabalhadora da PBio desde 2011, Rachel Rocha disse em live da FUP que a subsidiária possuía, participando de empresas de etanol, planos estratégicos para o produto de primeira e segunda geração. “Hoje, petrolíferas internacionais aplicam o antigo plano estratégico da empresa, o que indica que estávamos no caminho certo”, complementa.

Impactos do sucateamento e privatização

O processo de desmonte da PBio teve início no ano de 2016, quando Pedro Parente, indicado do ex-presidente Michel Temer (MDB) para assumir o controle da Petrobras, colocou a usina da subsidiária em Quixadá, no Ceará, em hibernação.

Como resultado, 9 mil famílias de pequenos agricultores da região semiárida nordestina foram impactadas com a hibernação da usina visto que, tais trabalhadores abasteciam a unidade da PBio com o cultivo de oleaginosas. “Os agricultores eram inseridos nas cadeias produtivas […] o que reduzia o desmatamento e pressão agrícola sobre florestas e biomas naturais ao fortalecer o trabalho de quem já estava no campo”, explicou Rachel em live.

A importância da PBio no não para por aí. Segundo a agrônoma, a subsidiaria tem papel fundamental por tratar produtos residuais que não seriam mais utilizados transformando-os parcialmente ou totalmente em combustíveis.

“Quando o biocombustível é misturado ao combustível fóssil, reduz as emissões [poluentes] desse produto, e isso acontece porque ele tem um ciclo de produção mais fechado então, além de ter menos enxofre, não joga tanto carbono para a atmosfera”, esclareceu Rachel.

Coordenador da FUP, o petroleiro Alexandre Finamori também comentou que a atuação da PBio em regiões semiáridas fomentou a inserção de pequenos agricultores na geração de renda rural, como é previsto no PNPB. “A Petrobras inaugurou suas três primeiras usinas de biodiesel, todas em locais de vegetação semiárida e baixo nível de industrialização, possibilitando assim, ferramentas de desenvolvimento da agricultura familiar e regional”, findou.

Além do fechamento da unidade cearense da PBio, outras parcelas da subsidiária também já foram vendidas, e por um preço abaixo do esperado. Como exemplo, tem o caso da Belém Bioenergia Brasil (BBB), avaliada em R$ 205 milhões pela Galp, empresa compradora, mas que foi e vendida por R$ 24 milhões pela Petrobras.

*Com informações da Federação Única dos Petroleiros 

Start typing and press Enter to search

Shopping Cart